Por Ivanaldo Mendonça — A gratidão é o dom, capacidade e habilidade de enxergar cada coisa e todas as coisas da melhor maneira possível, de forma positiva. Há quem agradeça por tudo! Há quem lamente por tudo! Num paralelo com a psicanálise arrisco-me dizer: os agradecidos são dotados da ‘pulsão de vida’; os lamentadores são dotados da ‘pulsão de morte’. Uma destas forças ‘pulsão de vida’ ou ‘ pulsão de morte’ impera em nós, tenhamos consciência ou não.

A conclusão de um ciclo ou etapa, como o final do período de 365 dias, correspondente ao ano civil, concede-nos a oportunidade de lançar um olhar sobre o caminho percorrido e, a partir da força que impera em nós, refletir, analisar, avaliar e celebrar. Sobre os que imperam a pulsão de vida é tempo especial para agradecer. Agradecemos por tudo o que deu certo! Celebrar conquistas e vitórias enche nossos corações de júbilo. Invade-nos o orgulho saudável, sinônimo de competência, por tornar realidade aquilo que sonhamos. Fomos melhores que nós mesmos.

Agradecemos por tudo que não deu certo! Embora pareça estranho á maioria das pessoas, é preciso agradecer, também, por aquilo que não correspondeu ás nossas metas e expectativas, por aquilo que nos frustrou e decepcionou. Não olhemos para estas situações como sinônimo de fracasso, mas sim, como oportunidade de aprendizado e amadurecimento. Aquilo que não aconteceu exatamente como previsto, na verdade, me favorece, fazendo-me enxergar que eu não estava tão preparado quanto pensava para lidar e administrar saudavelmente aquela situação.

Agradecemos aos que caminharam conosco! Por mais preparados e capacitados que nos sintamos e sejamos, não somos ilhas, não caminhamos sozinhos. Muitas pessoas participaram de nossa caminhada e, mesmo que não saibam, direta ou indiretamente, fizeram toda a diferença, para melhor. Reconheçamos a presença, apoio e companheirismo de tantos que, mesmo quando, por alguma razão, nos contrariam, colaboram com nosso progresso.

Agradecemos aos que ficaram a beira do caminho! Talvez nós mesmos, tenhamos ficado á beira do caminho, o que, de forma alguma, significa que ficamos para trás. Simplesmente estamos onde deveríamos estar, porque temos algo a aprender neste exato lugar ou período da caminhada. Também, muitos dos que se negaram a caminhar conosco e, teoricamente, nos abandonaram, prestam um grande serviço ao nosso progresso, oferecendo-nos a oportunidade de refletir e mudar. Pode ser, também, que eles tenham algo a aprender naquele exato lugar e momento da caminhada.

Sem perder o senso da realidade, de forma consciente, livre e responsável, sejamos agradecidos. Só assim o ciclo que se encerra terá feito sentido e colaborado para que nos tornemos, no novo tempo que se abre, pessoas melhores. Muito obrigado por você existir!

 

Feliz ano novo!

 

 

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia

ivanpsicol@hotmail.com