Por Ivanaldo Mendonça – Os quarenta dias que nos preparam para a Páscoa, somados á Semana Santa, consistem numa síntese daquilo que significa a fé centrada em Jesus Cristo, evidenciando elementos indispensáveis ao Seu seguimento fiel.

A partir do tema ‘Seguir Jesus, nosso salvador’ temos percorrido este caminho num esforço por esclarecer os aspectos fundamentais da formação dos discípulos-missionários de Jesus, baseados no que ensina a V Conferência do Episcopado da América Latina e Caribe, a saber: encontro pessoal com Jesus Cristo, conversão, discipulado, comunhão e missão.

Como passos sucessivos e complementares os aspectos da formação dos discípulos-missionários se entrecruzam; quem se decide, verdadeiramente, por Jesus, com Ele se encontra e permanece, a Ele se converte, com Ele caminha, vive em comunhão com os demais, coloca-se em missão, testemunhando esta profunda e inigualável.

Não se fala de etapas ou níveis, pois o seguimento fiel de Jesus deve ser compreendido como processo permanente, certamente marcado por graus distintos de maturidade, sobre o quais deve-se evitar comparações de quaisquer natureza.

Sobre o aspecto ‘comunhão’ o documento de Aparecida pontua que não pode existir vida cristã fora da comunidade de fé. Em suas várias expressões: família, comunidade de base, paróquia, vida consagrada…, a exemplo dos primeiros cristãos que se reuniam em comunidade, o discípulo participa da vida da Igreja vivendo o amor de Cristo na fraternidade e solidariedade.

Assim ele é acompanhado e estimulado pelos irmãos na fé e pelos pastores a fim de amadurecer e crescer na vida do Espírito. O concílio vaticano II considera o ser e agir da Igreja como ‘comunhão e participação’.

Viver em comunhão com Jesus é ser sinal da comunhão que Deus é. Poeticamente dizer que comunhão é o sobrenome do Deus único, manifesto em três pessoas distintas (Pai-Filho-Espírito Santo). Deus é comunidade de amor.

Ser Igreja é, antes de tudo, vivem em comunhão com Deus, consigo mesmo e com os irmãos, crer profundamente em Sua Palavra, ser fiel á Tradição da Igreja, depositária da fé, cujos garantes são os Bispos, sucessores dos Apóstolos.

Viver em comunhão com Jesus é ser sinal de Sua presença salvadora, acolhendo, no amor, as realidades de cada tempo, lugar, cultura, espaço e, sobretudo, as pessoas, como Igreja viva, inserida e engajada na realidade local marcada por belezas, misérias e desafios. Viver em comunhão cm Jesus é ser Igreja-Comunhão, para dentro (ad intra) e para fora (ad extra), testemunho de amor num mundo e num tempo da história profundamente marcado pela divisão.

O seguimento fiel de Jesus, nosso salvador exige que, mais que estar próximos, pertos ou simplesmente unidos, faz-se necessário estar e viver em comunhão.

Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
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