Na última semana, o chefe de redação e apresentador da TV TEM, Jocelito Paganelli, morreu em casa. A suspeita, segundo os relatos, foi de um infarto fulminante, em um evento que também pode ser chamado de “morte súbita”.
O nome faz jus ao acontecimento, já que a morte súbita é um evento inesperado que ocorre em menos de uma hora após o início dos sintomas. O susto também surge porque, normalmente, 40% dos casos não são testemunhados, o que significa que as vítimas costumam ser vistas pela última vez sem sintomas e em até 24 horas antes do óbito.
MORTE SÚBITA X DOENÇAS DO CORAÇÃO
Segundo a Organização Mundial da Saúde, dos 17 milhões de óbitos provocados por doenças cardiovasculares todos os anos no mundo, estima-se que 4 milhões sejam decorrentes da morte súbita.
As causas variam muito, mas as principais são as doenças do coração, que evoluem com uma arritmia cardíaca grave e variam conforme a idade dos pacientes.
Em pessoas com mais de 35 anos, a causa mais comum de morte súbita é o infarto do miocárdio fulminante. “Nele, ocorre a ruptura de uma placa de gordura dentro de uma artéria que irriga o coração, levando à obstrução do vaso e à isquemia, ou seja, dificuldade de chegar sangue com oxigênio ao coração”, explica Caio Henrique, cardiologista e arritmologista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (foto). “Durante essa isquemia, o coração fica propício a ter arritmias graves que podem levar a uma parada cardiorrespiratória.”
Aliás, no mundo e no Brasil, a doença isquêmica do coração é a principal causa de morte. Acredita-se que em 50% de todas essas mortes os pacientes não tinham qualquer sintoma até sofrerem um infarto fulminante.
Por outro lado, em pessoas abaixo dos 35 anos, a probabilidade maior tem relação com alguma causa genética ou congênita, como doenças do músculo cardíaco, malformação das artérias coronárias e arritmias hereditárias. “Todas elas podem apresentar arritmias graves com potencial evolução para parada cardiorrespiratória. Essa situação é responsável por algumas mortes súbitas de atletas jovens”, continua o especialista.
Fora isso, vale mencionar algumas condições não cardíacas que também podem ser causas de morte súbita, como a embolia pulmonar, o acidente vascular cerebral e o uso de drogas ilícitas.
COMO EVITAR A MORTE SÚBITA?
Pode parecer contra intuitivo procurar evitar um evento súbito, mas como os fatores de risco para a doença cardiovascular têm uma prevalência alta na população e são pouco diagnosticados e tratados de forma adequada, manter um acompanhamento médico regular é de fundamental importância.
“Detecção precoce de fatores de risco cardiovasculares (como hipertensão, elevações de colesterol, tabagismo etc.), identificação de doenças em estágios iniciais e introdução ou reforço de medidas de estilo de vida saudável são ferramentas utilizadas para prevenção cardiovascular”, finaliza o médico.
CAIO HENRIQUE TORRES SOUSA
CARDIOLOGISTA E ARRITMOLOGISTA
CRM-SP 171474 / RQE 82939
- Cardiologista pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia
- Título de Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia
- Arritmologista Clínico pelo Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
- Título de Proficiência em Arritmia Clínica pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas
- Membro da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas