DA REDAÇÃO E FSP — Três doses do imunizante AstraZeneca vencidas teriam sido aplicadas em Olímpia, dentro de um universo de 26 mil doses desse imunizante fora da validade que foram aplicadas em 1.532 municípios, segundo publicação da Folha de S.Paulo, com base nos registros oficiais do Ministério da Saúde. Mas, em nota solicitada pelo Diário, houve esclarecimento da Saúde local. 

O quadro abaixo indica onde essas doses teriam sido aplicadas em Olímpia.

Em Rio Preto, segundo levantamento publicado pelo jornal Paulistano 16 doses teriam sido aplicadas igualmente vencidas. Matéria publicada hoje pelo Diário da Região também desmentiu através da Saúde daquela cidade que esse fato tenha ocorrido.

A NOTA DA SAUDE

“A Secretaria de Saúde de Olímpia esclarece que não houve aplicação de doses vencidas de Astrazeneca no município, de lotes que foram enviados no início da campanha de imunização, como foi divulgado pela reportagem da Folha de S. Paulo, que relata a mesma situação em cidades em todo o país.

Segundo a Saude, o que ocorre é que “o lançamento no sistema, vinculado ao Ministério da Saúde, está diferente do dia da aplicação da dose. Isso porque, no começo da vacinação, o registro de dados era demorado, levando até dois meses para serem computados, e o sistema passou por diversas atualizações”.

A Saúde destaca, ainda, que “todos os lotes que chegam ao município são conferidos antes de serem liberados para os pontos de vacinação e que, inclusive, a última dose do imunizante dos lotes mencionados pela reportagem foi aplicada em 5 de março, em Olímpia, muito antes da data do vencimento”.

“Por fim, o município reforça que NÃO FORAM APLICADAS DOSES FORA DO PRAZO DE VALIDADE e que não há a necessidade de reaplicação, tendo em vista de que se trata apenas de uma fragilidade no registro de dados”, conclui a nota.

A VACINA VENCIDA

Segundo a reportagem da Folha de S.Paulo, até o dia 19 de junho, os imunizantes com o prazo de validade expirado haviam sido utilizados em 1.532 municípios brasileiros.

A campeã no uso de vacinas vencidas é Maringá, reduto eleitoral de Ricardo Barros (PP), líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados. A cidade paranaense vacinou 3.536 pessoas com o produto da AstraZeneca fora da validade (primeira dose em todos os casos).

Depois aparecem Belém (PA), com 2.673, São Paulo (SP), com 996, Nilópolis (RJ), com 852, e Salvador (BA), com 824. As demais cidades aplicaram menos de 700 vacinas vencidas, sendo que a maioria não passou de dez doses.

Além disso, outras 114 mil doses da vacina AstraZeneca que foram distribuídas a estados e municípios dentro do prazo de validade já expiraram. Não está claro se foram descartadas ou se continuam sendo aplicadas.

Reprodução: Folha de S.Paulo

AstraZeneca é a vacina mais usada no Brasil. Ela responde por 57% das doses aplicadas neste ano. A imensa maioria foi utilizada de acordo com as orientações do fabricante.

Todos os imunizantes expirados integram oito lotes da AstraZeneca importados ou adquiridos por consórcio. Um deles passou da validade no dia 29 de março. O que venceu há menos tempo estava válido até 4 de junho.

O lote pode ser conferido na carteira individual de vacinação. Quem tiver recebido uma dose de um desses oito lotes de AstraZeneca após a data de validade (veja gráfico) deve procurar uma unidade de saúde para orientações e acompanhamento.

Além disso, de acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19, quem tomou imunizante vencido precisa se revacinar pelo menos 28 dias depois de ter recebido a dose administrada equivocadamente. Na prática, é como se a pessoa não tivesse se vacinado.

O DataSUS (sistema de informações do Ministério da Saúde) também identifica todas as pessoas imunizadas com um código individual, acompanhado de informações sobre idade, grupo prioritário de vacinação, data da imunização e lote da vacina recebida.

Já a data de validade de cada lote vacinal consta de outro sistema do governo federal, o Sage (Sala de Apoio à Gestão Estratégica), que registra os comprovantes de entrega dos imunizantes contra Covid-19 por Estado. Em cada um desses recibos há informações públicas sobre o número do lote vacinal, a data de validade, o fabricante e a data de entrega.

As vacinas desses lotes foram distribuídas de janeiro a março pelo governo federal para todos os estados do país antes do vencimento. Elas somam quase 3,9 milhões de doses, das quais cerca de 140 mil não foram utilizadas dentro do prazo de validade. Dessas, até o dia 19 de junho, 26 mil tinham sido aplicadas já vencidas.

(Fonte: Folha de S.Paulo)