Conforme anunciado, o programa Tempo de Cuidar, conduzido pelo pároco Ivanaldo Mendonça (Paróquia de São José, Olímpia), na última terça-feira (15), debateu a questão de como um jornalista se sente, e como trata a pandemia do novo coronavírus, causador da síndrome respiratória grave (Covid-19), levando ao público uma informação sempre atualizada, desmitificando inverdades e combatendo o fake news, além do uso politiqueiro da questão. O entrevistado foi o editor do Diário de Olímpia, jornalista Leonardo Concon.

“O novo coronavírus tem desafiado chefes de estado, cientistas, famílias brasileiras que tiveram suas rotinas diretamente afetadas, e também os jornalistas. A emergência de saúde pública global alterou a grade de programação de emissoras e a dinâmica de redações”, disse Leonardo, acrescentando que “Com altos riscos envolvidos, equipes reduzidas e possibilidade de demissão ou morte, podemos dizer que a cobertura jornalística na pandemia se assemelha a cobertura em uma guerra, com profissionais trabalhando incansavelmente nas redações, ruas ou hospitais”.

Leonardo Concon contou um pouco de sua biografia. Nascido na capital paulista há quase 62 anos (completará no próximo dia 30), órfão de pai aos três anos de idade, mudou-se para Penápolis (SP) aos cinco anos com a sua mãe que passou a ‘mascatear’ (era o termo para descendentes árabes para revendedora de roupas e, posteriormente, perfumes e cosméticos; até fez comidas árabes para a família de Sabrina Sato, vizinhos praticamente no centro da cidade). Começou a escrever crônicas para um semanário tipográfico (os textos eram compostos tipo a tipo em chumbo), aos 15 anos. Depois a carreira deslanchou até parar na redação de “O Estado de S.Paulo”, onde foi co-autor de uma das principais machetes que abalaram o País, com repercussão mundial (A Rede que Vende Carta. Via Corrupção). Passou por importantes Redações do Interior, Capital, e assessorou, na Câmara dos Deputados, a Assembleia Nacional Constituinte de 1986 a 1990. Hoje, comanda o Diário de Olímpia, com 12 anos de sucesso.

“Não estamos lutando apenas contra uma epidemia; estamos lutando contra uma infodemia. Nesta era de desinformação e informações erradas, mitos on-line e teorias da conspiração, os jornalistas podem também desmistificar informações ruins, tais como a que a doença foi transmitida por itens fabricados na China, que cientistas criaram a COVID-19 ou que o vírus veio de um determinado laboratório de pesquisa”, respondeu o jornalista ao ser questionado sobre como lidar com tantas desinformações e até desconhecimento do novo coronavírus.

“Aos que nos ouvem, o conselho é simples: não dissemine, não espalhe, o que não sabe ou não tem certeza, não se fie em manchetes sensacionalistas, confira o link do que compartilhe, ou pesquise no Google, por exemplo, com mais critérios. Muitos mitos, ou fakes, foram ouvidos e compartilhados”, aconselhou Concon.

A IMPRENSA FALHOU?

Ao ser questionado se, em algum momento, a imprensa falhou na cobertura da pandemia, Leonardo Concon foi enfático: “Falhamos, como imprensa local, nacional, internacional, quando, por desconhecimento ou sensacionalismo, extrapolamos a informação ética para a caça aos cliques, por exemplo. Os jornalistas estão sendo colocados, com muito maior frequência do que o usual, diante da opção de publicar ou não publicar. Não se trata de uma decisão fácil justamente porque há muitas zonas cinzentas na questão. Como, por exemplo, lidar com a privacidade de pessoas sob suspeita de contaminação, dos portadores assintomáticos, dos parentes, amigos, colegas e vizinhos dos portadores em quarentena e das investigações em curso sobre pessoas que tiveram contato com portadores do coronavírus. Daí, falhamos e os profissionais sérios, como nós, pedimos desculpas, corrigimos imediatamente. A imprensa falha quando usa o sensacionalismo, o uso de adjetivos e palavras que causem medo, pânico e por aí vai”.

Mas, há acertos também, segundo ele, principalmente quando ” se leva ao ar o assunto com ética, respeito, ciência e adequação ao novo normal, as informações, seja do coronavírus, seja dos fatos em gerais, como política, gestão sanitária etc. A atividade profissional dos jornalistas, mais do que nunca, passou a depender da sensibilidade social e discernimento político como fatores determinantes na tomada de decisões editoriais”.

E, deu um conselho aos colegas de profissão: “Trate as vítimas com dignidade. Deixe a vítima “convidar” você a conhecer a história dela”.

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