Por Ivanaldo Mendonça – Mais um ciclo chega ao fim. Qual sua avaliação do ano de 2020? Percebemos, tanto pelas redes sociais quanto através das conversas diárias que, se pudesse, a maioria das pessoas baniria 2020 do calendário. Entre as justificativas emergem as conseqüências, ainda em curso, da pandemia do novo corona vírus. Sem duvida, a Covid-19 deixa marcas indeléveis em toda a humanidade, sobretudo, às vítimas diretas desta peste e, particularmente, aos que tiverem seus entes queridos roubados, a quem somos solidários.

Se não é possível apagar os 366 dias do ano que termina, tampouco ignorá-lo, faz-se necessário lançar sobre esta página da história um olhar saudável e positivo, o que, de forma alguma significa ignorar os sofrimentos provocados. Este exercício reflete e corresponde aos anseios mais profundos de cada ser humano e de toda a humanidade: continuar, seguir em gente, recomeçar…Tantos ouros nomes poderíamos atribuir ao profundo desejo de viver hospedado no mais profundo de cada ser humano.

Aqueles que estão abertos á vida e sensíveis aos movimentos nos quais ela nos insere, não imunes aos desafios próprios do caminho, serão sempre capazes de aprender e reaprender. O que aprendemos com 2020? Aprendemos que não somos ilhas, que dependemos uns dos outros, que as pessoas fazem falta, que o abraço é necessário, que ninguém é melhor que ninguém. Aprendemos a ficar sozinhos, a manter a distância necessária, a fazer silêncio, a esperar, a refletir, a vencer e superar medos, ansiedades e tantos outros fantasmas que tentam nos devorar a partir do coração.

Nesse contexto emerge uma das mais belas virtudes humanas: a gratidão. O que agradecer em relação a 2020? Agradecer pela redescoberta da força do amor: capacidade de amar e se deixar ser amado; pelo encurtamento das distâncias através das redes sociais, por aqueles que, mesmo longo se fizeram próximos, pelas mãos que mesmo sem poder tocar não se fecharam aos milhares de necessitados. Agradecer aos que carregam a humanidade atuando na linha de frente do combate á pandemia; agradecer pelo dom da vida dos que se foram, mas ficarão, pois o amor não morre.

Este movimento, mesmo exigindo de muitos um esforço maior, possui o poder de recuperar as forças, devolvendo-nos a capacidade de sonhar e, sobretudo, reacendendo a chama da fé e da esperança. A fé, essencial para que nos mantenhamos fiéis a nobres propósitos. A esperança para que não fiquemos esperando, mas, a cada passo, largo ou curto, enérgico ou manso, marchemos, irmanados pela força do amor, permitindo-nos e permitindo aos outros recomeçar quantas vezes forem necessárias. Pelo aprendizado, pela gratidão, pela fé e esperança 2020 valeu a pena!

Abençoado 2021!

Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
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