Por Ivanaldo Mendonça — O processo de desenvolvimento humano, com vistas ao crescimento, amadurecimento e equilíbrio, quando assumido de forma consciente, livre e responsável, traz consigo desafios ímpares que vão da constante busca pelo autoconhecimento à capacidade e habilidade de administrar relacionamentos interpessoais. Nesse sentido, faz-se necessário, para além dos próprios referenciais, nutrirmo-nos, sempre e cada vez mais, de sentido e significado que ultrapassem a nós mesmos e nossas próprias razões.

Ajuda-nos a compreender este movimento a célebre passagem bíblica da parábola das dez virgens; valendo-se da imagem de uma festa de casamento para a qual dez jovens aguardam, à porta, a chegada do noivo, tendo lamparinas acesas nas mãos; com a demora do noivo todas dormiram; acordadas às pressas, cinco delas não conseguiram acender suas lamparinas e, saindo para comprar óleo, não conseguiram entrar para a festa, sendo consideradas pelo noivo como desconhecidas.

Somados aos elementos próprios do processo de desenvolvimento humano, o ensinamento proposto pelas Sagradas Escrituras nos favorece a refletir sobre realidades comuns e próximas às nossas vidas, mais do que imaginamos; referimo-nos aos processos que envolvem escolhas e decisões; muito embora tais dinâmicas pareçam semelhantes, mesmo sendo complementares, segundo a ordem descrita, são distintas.

Enquanto escolha é o ato de dar preferência a alguém ou alguma coisa, decisão significa resolução tomada após um julgamento, determinação, decisão. A distinção entre escolha e decisão está, justamente, no grau de profundidade. Escolhemos tantas coisas, mas não nos decidimos por todas; escolhemos tantas trocas de roupas para ir a um evento, mas só nos decidimos por uma delas. As dez jovens escolheram o noivo, porém, só se decidiram por ele as que levaram reserva de óleo.

Escolhemos sim, mas não nos decidimos! Quando não nos decidimos, oferecemos unicamente o mínimo, o suficiente, o exigido. Não dispondo de reserva, ficamos reféns das escolhas, perdemos o alvo, tantas vezes, pelo medo de correr riscos seguros. À base de simples escolhas não se vive, se sobrevive! É preciso tomar decisão! Nossa relação com a vida/existência humana e, particularmente, com a vivência da fé cristã, o seguimento fiel de Jesus, precisa superar a simples escolha, alcançando o status de decisão. Esta passagem é necessária!


Ivanaldo Mendonça Padre, Pós-graduado em Psicologia [email protected]