Por Ivanaldo Mendonça — Através do dia mundial das comunicações sociais, celebrado sempre na Solenidade da Ascensão do Senhor, a Igreja evidencia as muitas ações e canais de comunicação, objetivando chamar a atenção para o grande fenômeno dos modernos meios através dos quais, também, a evangelização acontece. Para este ano propõe-se refletir e aprofundar o tema “Somos membros uns dos outros (Ef 4,25): das comunidades de redes sociais á comunidade humana”.

A mensagem expressa a preocupação do Papa Francisco em relação às redes sociais e ao convívio das pessoas dentro delas, enfatizando a importância de compor a perspectiva da comunicação baseada muito mais na pessoa humana, enfatizando o valor da interação como diálogo e oportunidade de conhecer os outros. Esta abordagem impacta, diretamente, sobre nossas vidas, levando-nos a refletir sobre o uso consciente da internet na construção de relações, evidenciando as redes sociais.

As redes sociais podem desfigurar as relações humanas, pois, aproximam quem está longe, mas, algumas vezes, afasta quem está perto. Algumas realidades se manifestam negativamente no ambiente digital, como a exposição à distorção de informações o uso manipulador dos dados pessoais, o cyberbullying no meio adolescente, a identidade nas comunidades digitais fundada na contraposição do outro e a realidade do isolamento.

Por outro lado os benefícios das redes sociais favorecem relações humanas maduras e equilibradas enquanto são extensões, e não o meio principal, dos nossos relacionamentos. Rede é comunidade, comunidade é uma rede solidária, uma rede feita, não para capturar, mas para libertar, para preservar uma comunhão de pessoas livres.

Favorecer a formação das gerações digitais para relações humanas e equilibradas passa, necessariamente, pela promoção da cultura do encontro entre pessoas e a promoção solidariedade entre todos. Ultrapassar os limites das comunidades de redes sociais para ser comunidade humana, formada por um ‘nós’ que se baseia na escuta do outro e no uso responsável da linguagem. Só sou verdadeiramente humano se me relacionar com os outros.

Francisco incentiva-nos a investir nas relações, a afirmar o caráter interpessoal da nossa humanidade, a manifestar a comunhão que marca nossa identidade, a comunicar, acolher e compreender o dom do outro. A Igreja é uma rede tecida pela comunhão eucarística, na qual a união não se baseia nos likes, mas no amém com que cada um adere ao Corpo de Cristo, acolhendo os outros. 

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia