Por Ivanaldo Mendonça — Em certo ponto do caminho, tem-se a impressão de que, de forma natural, emerge do mais profundo do nosso ser um grito que clama por sentido e significado. Provocados pelos questionamentos fundamentais a toda pessoa humana, independentemente de questões circunstanciais (“Quem sou? De onde vim? Para onde vou?”), torna-se cada vez mais evidente que “viver por viver”, “pensar por pensar”, “sentir por sentir”, “falar por falar” e “fazer por fazer” são sintomas clássicos de perda do sentido da existência, de desilusão disfarçada com tantos nomes.

Aprendemos dos antepassados que, assim como alguns tipos de árvores possuem raízes proporcionais à sua altura, nossas raízes devem estar fincadas firmes e profundamente no chão da vida, tanto quanto sejam altos e volumosos nossos sonhos. À medida que tal ensinamento se converte em valor e princípio de vida, passa a ser suficiente e necessário ter presente, como farol a guiar os caminhos da vida, resposta a duas questões: “Onde estou fincado?” e “Onde objetivo chegar?”

Favorece, consideravelmente, o processo de desenvolvimento e amadurecimento humano desenvolver a capacidade de observar que, entre as raízes e a copa da vida, está o meio do caminho. Sobretudo, quando os pesos, visíveis e/ou invisíveis, se nos impõem, vemo-nos desafiados a ultrapassar as marcas do tempo cronológico, a condição financeira, o nível de formação intelectual e tantas outras realidades às quais consideramos acidentais e secundárias, para mergulhar naquilo que, realmente, é essencial, absoluto e capaz de fazer a diferença.

Visto que as marcas do tempo cronológico são inevitáveis e, simplesmente, comprovam que vivemos; visto que os recursos financeiros, por maiores que sejam, não compram tudo e, por mais escassos que sejam, não nos furtam o essencial; visto que a morte faz parte da vida e sempre encontrará uma desculpa para bater à nossa porta, importa-nos, substancialmente, ter presente duas realidades: onde estamos fincados e onde objetivamos chegar.

No entanto, considerar essas realidades, exercício fundamental à realização humana, exige ultrapassarmos o simples desejo ou vontade e a simples escolha, para atingir o nível de decisão, como resultante da verdade mais profunda e convicção à qual nada, nem ninguém, abala. Adentramos, assim, a dimensão espiritual, tão constitutiva do humano quanto a dimensão físico-material, porém, para além de nós e do que podemos alcançar, tanto para baixo, sustentando nossas raízes, quanto para cima, apontando-nos o caminho a seguir.

A fé é o caminho através do qual acessamos essa realidade que, por não ser provada a partir de nossos critérios, não significa que não exista. Pela fé aprendemos, compreendemos, sentimos, falamos e, para além da morte, cremos: Jesus Cristo é princípio, meio e fim. Nele fixamos nossas raízes, Nele percorremos o caminho da vida em meio a sorrisos e lágrimas! Nele ultrapassamos a morte, adentrando a eternidade de Deus. A essa altura, o meio do caminho ficou para trás, ficou pequeno, pois é passageiro.