Por Ivanaldo Mendonça — A realização do Sínodo dos Bispos (2023) coloca a Igreja Católica diante do maior desafio de nossos tempos. É enganoso pensar que os grandes desafios da Igreja estão fora dela. Sem duvidas, como fiel mensageira de Cristo deve ela favorecer que o Evangelho alcance o máximo possível de pessoas e, são tantos os desafios neste sentido. No entanto, esta entidade milenar, mesmo sendo de origem divina, é inserida na realidade concreta, portanto, sente o pesado fardo do tempo e, com ele, o enrijecimento próprio de uma das maiores e mais antigas instituições de todos os tempos.

Apresentando como tema do encontro que reunirá Bispos do mundo inteiro ‘Sinodalidade: comunhão, participação e missão’, o Papa provoca a Igreja, a que, antes de tudo, lance um olhar sobre si mesmo, sobre como tem cumprido sua missão, objetivando favorecer o resgate, valorização e promoção de elementos fundamentais que, por tantas razões, são colocados em segundo plano.

Propondo refletir sobre o exercício da sinodalidade, (palavra grega que significa ‘caminhar juntos’) e recuperar elementos essenciais a este processo (comunhão, participação e missão), Francisco ousa mais uma vez.

Pretendendo que a Igreja toda, para além dos ministros ordenados, viva o processo sinodal, foram abertos canais para acolher a participação do maior número possível de pessoas, inclusive, não católicos.

Ao tirar o foco da assembleia sinodal, composta, basicamente, por Bispos, sem diminuir sua importância, e lançar luzes sobre o processo sinodal, toca-se, concretamente, á realidade da Paróquia, espaço no qual a maior parte dos católicos está inserida. Por isso, mesmo antes da conclusão do sínodo, é possível e necessário versar sobre o exercício da sinodalidade na Paróquia.

A prática do contexto paroquial impõe três urgências:

  1. Decidir Juntos: A compreensão da Igreja como ‘Povo de Deus’, no qual todos, pelo Batismo, são inseridos, exige que, todos, igualmente, tenham a oportunidade e comprometam-se a participar, ativamente, da tomada de decisão. Nesse sentido, possui papel especial o Conselho de Pastoral e o Conselho de Assuntos Econômicos, organismos fundamentais á caminhada da Paróquia, cuja missão é dinamizar a ação evangelizadora. É preciso decidir juntos!
  2. Organizar: Garantir que o que foi decidido acontecerá depende da organização. Nesse sentido, as ciências humanas muito colaboram, dispondo instrumentos que conferem eficiência e eficácia à ação evangelizadora (diretrizes; estratégias, planos, projetos…). É preciso organizar!
  3. Descentralizar: A execução da ação exige envolvimento do maior número possível de pessoas. Este passo requer abertura a que se perceba, valorize e estimule a maior riqueza da comunidade, seus membros: os de linha de frente, os tidos como ‘frequentadores’, os que estão distantes e, mesmo batizados, precisam ser evangelizados. É preciso descentralizar!

Imprimir o caráter sinodal á comunidade paroquial exige, antes de tudo, que seu pastor, o pároco (e demais padres), seja sensível ás necessárias mudanças estruturais e, através da caridade, paciência e visão pastoral, exerça seu ministério com ousadia, perseverança e esperança vivendo, antes de tudo, a graça de fazer parte da Igreja Povo de Deus e de servi-la, como irmão, pelo dom de sua vocação.

Caminhemos juntos! Por uma Paróquia sinodal!

Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
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