Colina, no interior do Estado de São Paulo, é a cidade brasileira menos vulnerável à covid-19, doença causada pelo coronavírus, segundo o Índice de Vulnerabilidade dos Municípios (IVM), criado pelo Instituto Votorantim nesta semana para mapear o cenário da pandemia no país.

Olímpia, entre 100 cidades mais vulneráveis, é a nona colocada menos vulnerável à Covid-19.

O estudo, liberado com exclusividade para EXAME, coloca São Bernardo do Campo, cidade da região metropolitana de São Paulo, no segundo lugar seguida de Nova Lima, em Minas Gerais.

Mas o que faz de uma cidade mais ou menos vulnerável? Número de leitos disponíveis na UTI e de respiradores são indicadores importantes, mas não são os únicos. Além desses, o IVM considera fatores como a proporção da população idosa, o PIB per capita e a situação fiscal da cidade.

O Índice varia de 0 a 100: quanto mais alto o valor, maior é a vulnerabilidade. É possível ver em que situação está seu município viajando pelo mapa do Brasil aqui.

“Percebemos que o fato de um município ter mais idosos, por exemplo, impacta mais sobre sua capacidade de enfrentar a doença do que sua situação fiscal, já que o governo tem liberado verbas emergenciais durante a pandemia”, diz Rafael Gioielli, gerente-geral do Instituto Votorantim.

Os municípios mais vulneráveis à doença concentram-se nas regiões Norte e Nordeste. Mojuí dos Campos, no Pará, tem a pior situação, seguido de Wanderley e Ibirataia, ambas na Bahia.

Enquanto em Colina há 50 leitos de UTI e 81 respiradores por 100 mil habitantes, Mojuí dos Campos tem 10 para os dois fatores. Já Ibirataia soma 8 leitos de UTI por 100 mil habitantes e 13 respiradores para a mesma proporção, e Wanderley, nenhum leito e três respiradores.

São Bernardo do Campo (SP) e Nova Lima (MG), a segunda e a terceira cidades brasileiras menos vulneráveis, possuem, respectivamente, 27 e 23 leitos de UTI para cada 100 mil habitantes, e 56 e 41 respiradores na mesma proporção, respectivamente.

Ao todo, o índice tem dezoito indicadores distribuídos em cinco pilares temáticos de diferentes pesos: população vulnerável (peso: 32,35%) , economia local (peso: 11,76%) , estrutura do sistema de saúde (peso: 23,53%), organização do sistema de saúde (peso: 20,59%) e capacidade fiscal da administração municipal (peso: 11,76%).

“O Brasil é um país gigante e tem muitas carências, além de não ter um serviço de saúde pleno. Por isso, esses critérios técnicos nos ajudam a saber onde é mais urgente e relevante investir: no interior de São Paulo ou no Pará”, diz Gioielli.

No levantamento foram usados somente dados públicos de diferentes bases, como a do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Sistema Único de Saúde (SUS),  Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANSS).

Gioielli conta que, a princípio o índice foi elaborado para basear decisões de investimento do instituto durante a pandemia, mas “percebemos que estava muito robusto e poderia ser uma ferramenta muito útil para formadores de políticas públicas”, diz.

Estas políticas tem variado em intensidade dependendo do cenário de cada local. No Pará, por exemplo, o governador Hélder Barbalho anunciou nesta sexta-feira a prorrogação do lockdown, fechamento total das atividades, em vigor em dez cidades, incluindo a capital Belém, até 24 de maio.

O estado já registrou 10.867 casos de coronavírus e 1.063 mortes pela doença. No Brasil, já são 218 mil casos e 14.817 óbitos segundo o último balanço.

Veja as 10 cidades mais vulneráveis:

  1. Mojuí dos Campos – PA
  2. Wanderley – BA
  3. Ibirataia – BA
  4. Sítio do Quinto – BA
  5. Jussiape – BA
  6. Delmiro Gouveia – AL
  7. Ubaitaba – BA
  8. São Francisco – MG
  9. São Raimundo Nonato – PI
  10. Faro – PA

E as 10 cidades menos vulneráveis:

  1. Colina (SP)
  2. São Bernardo do Campo (SP)
  3. Nova Lima (MG)
  4. Flores da Cunha (RS)
  5. Colômbia (SP)
  6. Cuiabá (MT)
  7. Extrema (MG)
  8. Porto Reral (RJ)
  9. Olímpia (SP)
  10. Gavião Peixoto (SP)