“Não vamos aceitar esse calote do Ministério da Saúde, além de tantos agravantes que nos impõe no cotidiano da Santa Casa e, ainda mais, no enfrentamento da Covid-19″. A declaração é do provedor Luiz Alberto Zaccarelli em entrevista exclusiva ao Diário na manhã do último dia 28, face à Portaria que cancela imediatamente cinco leitos UTI-Covid e, pior, obriga a devolução do pagamento de novembro de R$ 240 mil ao Ministério da Saúde.

Segundo a Portaria, há mais uma agravante para as instituições de saúde atingidas em todo o País, inclusive Olímpia: não haverá pagamento em dezembro, no mesmo valor, de cinco leitos UTI Covid, ou seja, R$ 240 mil.

“É um verdadeiro calote, um absurdo, o ano nem acabou”, desabafa o provedor da Santa Casa local. Segundo ele, a Portaria traz três agravantes: “Primeiro, a partir de segunda-feira, 3 de janeiro de 2022, não haverá mais nenhum leito UTI Covid em nosso hospital, e isso acarreta mais aflição e problemas: entra no sistema que envia o paciente para outro hospital ou cidade, no caso Bebedouro”, revela Zaccarelli.

“O segundo agravante”, revela, “é que já utilizamos os R$ 240 mil de novembro para pagamento de plantões médicos, insumos, leitos e toda infraestrutura hospitalar, inclusive oxigênio, não temos como devolver”.

E, finalmente, o terceiro agravante, apontado pelo provedor da Santa Casa de Olímpia: ainda dezembro, que estava previsto entrar 240 mil, não será pago, e faltam três dias para acabar o ano, o que, segundo ele, “caracteriza um grande calote” promovido pelo Ministério da Saúde e o governo federal.

“VAMOS À JUSTIÇA”

O provedor disse que, na manhã de hoje, conversou com o prefeito Fernando Cunha e que, no caso da devolução exigida dos R$ 240 mil isso não acontecerá: “Já pagamos insumos, médicos, como vamos devolver, ainda há casos de internações, poucos, mas há, fora o risco de uma reinfecção. Poderiam ter aguardado o início de janeiro, mas no final de dezembro, ao apagar as luzes de um ano que nem terminou, vem esse golpe”.

“Vamos à Justiça, com certeza, não vamos pagar esses R$ 240 mil, e ainda vamos arcar com prejuízos de dezembro, onde os R$ 240 mil não irão entrar em nossa conta, sem contar as defasagens de pagamentos dos procedimentos e atrasos em pagamento”.

E, no caso de reabilitação dos leitos, agora, o processo irá demorar, no mínimo, 60 dias, o que também é um complicador.

Finalmente, em caso de reinfecção do novo coronavírus, o provedor diz que a Santa Casa mantém a infraestrutura, mas, neste caso, “teremos de ter uma parceria com o município, porque, como já disse, uma reabilitação leva, no mínimo, dois meses para ser concretizada”.