DA REDAÇÃO — O vice-prefeito e secretário municipal de Saúde de Olímpia, Márcio Iquegami, abriu a 11ª Conferência Municipal de Saúde, na Câmara Municipal, na última quinta-feira (13), destacando desafios administrativos, a necessidade de investimentos estratégicos e o compromisso com a modernização do sistema de saúde. Em um discurso marcado por transparência, ele detalhou os principais problemas enfrentados pela gestão e as soluções planejadas para otimizar o atendimento à população.
Iquegami enfatizou que a conferência é uma oportunidade para identificar problemas e buscar soluções concretas. “Nós não estamos aqui para lamuriar, mas para colocar os pontos, as dificuldades que encontramos e tudo aquilo que vamos fazer para melhorar a saúde e dar condições de melhor atendimento a todos”, afirmou.
Tecnologia e Saúde Digital
Um dos principais pontos abordados pelo secretário foi a necessidade de tornar Olímpia uma cidade inteligente na área da saúde. O conceito, segundo ele, já é uma realidade em diversas cidades e precisa ser implementado com urgência no município. “A saúde digital não é mais o futuro, é o presente. Precisamos utilizar a tecnologia para otimizar o atendimento e facilitar a vida do cidadão”, ressaltou.
Entre as estratégias mencionadas, estão a implantação da telemedicina, o monitoramento de pacientes em tempo real, a análise de big data para planejamento de políticas públicas, aplicativos de saúde e a informatização da gestão. “Nós temos um sistema implantado desde 2013, mas que hoje opera com menos de 20% da sua capacidade. Precisamos explorar melhor essa ferramenta”, explicou.
Orçamento da Saúde: distorções e necessidades
Outro ponto crítico citado por Iquegami foi a estrutura orçamentária encontrada pela nova gestão. Segundo ele, havia um descompasso entre os valores previstos e a realidade financeira da Secretaria. “Falavam em cofres públicos lotados com R$ 120 milhões, mas quando assumi, encontrei apenas R$ 148 mil de recursos próprios disponíveis na Secretaria da Saúde”, revelou.
Ele também mencionou a disparidade no orçamento destinado à Santa Casa. “Em 2024, a gestão anterior previu R$ 12 milhões para a Santa Casa, quando, no ano anterior, os gastos ultrapassaram os R$ 21 milhões. Como atender às mesmas demandas com metade dos recursos?”, questionou.
Para o secretário, mais do que aumentar os investimentos, é necessário aplicá-los de forma eficiente. “Se injetarmos mais R$ 50 milhões na saúde sem uma estratégia clara, o problema continuará. Precisamos de planejamento, e é isso que estamos fazendo”, reforçou.
Ambulâncias e transporte de pacientes: frota sucateada
Outro problema herdado pela gestão foi a precariedade da frota de ambulâncias. Iquegami revelou que, dos 29 veículos disponíveis, apenas nove estavam em funcionamento no início do mandato. “Havia ambulâncias paradas desde setembro de 2023, algumas com apenas três anos de uso. Estamos reformando e regularizando essa situação”, garantiu.
Ele destacou que o transporte de pacientes para outras cidades, como Barretos e Ribeirão Preto, depende de uma frota eficiente. “As pessoas que precisam de atendimento fora da cidade devem ter um transporte digno e seguro”, afirmou.

Estratégia da Saúde da Família e atendimento básico
A falta de estrutura e pessoal nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) também foi abordada. “Nossas estratégias de saúde da família estão incompletas. Precisamos de mais agentes, equipamentos e melhor organização”, apontou.
Ele reforçou a importância do atendimento preventivo e da criação de protocolos específicos para doenças como hipertensão e diabetes. “A UBS precisa atender de forma humanizada e eficiente. Quando cuidamos da atenção básica, reduzimos a superlotação na UPA e na Santa Casa”, explicou.
Crise nos medicamentos e falhas na regulação
Iquegami admitiu problemas no fornecimento de medicamentos e na logística de distribuição. “A compra de remédios foi um desafio por conta de falhas nas licitações anteriores. Depois de muito esforço, conseguimos adquirir mais de 300 itens essenciais”, informou.
Outro gargalo apontado foi o sistema de regulação e agendamento de consultas e exames. “Encontramos uma desorganização completa. Muitas vezes, nem sabíamos quais pacientes estavam na fila. Estamos corrigindo esses processos para garantir mais transparência e eficiência”, disse.
Santa Casa: ampliação e recuperação da credibilidade
A recuperação da Santa Casa foi um dos temas centrais do discurso. Iquegami afirmou que a instituição precisa ser fortalecida e modernizada para retomar sua importância regional. “Nos anos 2000, Olímpia era referência em saúde, com um corpo clínico de mais de 45 médicos. Hoje, temos pouco mais de 20. Precisamos recuperar essa força”, declarou.
Entre as medidas planejadas, está a ampliação da Santa Casa, com um aumento de 70% a 80% na capacidade de atendimento. “Não podemos mais assistir à Santa Casa definhando. Vamos atrair mais médicos, retomar cirurgias e garantir que os serviços essenciais funcionem com eficiência”, assegurou.
O secretário também comentou sobre o projeto do novo hospital, mencionando falhas no planejamento da gestão anterior. “Houve pressa e equívocos nesse projeto. Mas nossa prioridade é ampliar a Santa Casa e melhorar o atendimento ao SUS”, reforçou.
Ouvidoria e acolhimento: a importância do diálogo
Iquegami enfatizou a necessidade de ouvir a população e utilizar a ouvidoria como canal de comunicação. “Não temos medo da ouvidoria, pelo contrário, queremos que os cidadãos registrem suas queixas para que possamos corrigir falhas e aprimorar os serviços”, afirmou.
Ele também destacou a importância do acolhimento humanizado no atendimento. “Às vezes, um simples gesto pode fazer toda a diferença. Precisamos ter empatia e tratar cada paciente como gostaríamos que nossos familiares fossem tratados”, disse.
Desafios e ‘compromisso com a mudança’
Encerrando sua fala, Iquegami reafirmou o compromisso da gestão em transformar a saúde de Olímpia. “Não estamos aqui para reclamar, mas para trabalhar. A saúde tem problemas, mas tem solução. E essa solução passa pelo esforço de todos nós, da Prefeitura, dos servidores e da população”, finalizou.