DA REDAÇÃO — Dois momentos importantes, e de emoção, durante o 58º Festival de Folclore de Olímpia na véspera de seu encerramento, sábado (13): a homenagem à professora Maria Aparecida de Araújo Manzolli, a Cidinha Manzolli, por acompanhar o trabalho do saudoso criador do Fefol, professor José Sant’anna, ao longo de 55 anos, criando também o Grupo de Danças Parafolclóricas Cidade Menina Moça (Godap); e o anúncio de que em 2023, no 59º Festival o Grupo Parafusos, um dos preferidos de Sant’anna e genuinamente folclórico, oriundo de Lagarto, Estado do Sergipe.

A EMOÇÃO DE ‘DONA CIDINHA’

Na presença de autoridades no palco, prefeito Fernando Cunha, secretária de Cultura e Turismo Priscila Foresti, presidente da Assembleia Legislativa Carlão Pignatari, entre outras, Cidinha Manzolli recebeu dois mimos: um ‘bastião’, que simboliza o palhaço das Folias de Reis; e um quadro do artista olimpiense Zé Otávio, retratando-a com a sua inseparável sanfona ao longo de 55 anos.

Emocionada, Cidinha agradeceu a homenagem e falou importância de se dedicar por décadas ao Festival, ao lado do professor Sant’anna. Pediu ‘perdão’ aos filhos por trocá-los muitas vezes pelos ‘filhos do quintal’ – alusão aos alunos que frequentavam a sua casa aprendendo números de danças para apresentações, fundando, posteriormente, o Godap.

Ao se dirigir ao prefeito Fernando, a emoção foi maior, quando disse que questionou-o quando soube que ele iria se candidatar a prefeito de Olímpia, dizendo que ele já foi deputado, presidente da CESP, tantas funções, para quê iria ser prefeito, recebendo a resposta de que ele queria fazer muito mais por Olímpia.

“Você cumpriu Fernando, eu sempre sonhei com essa arena pavimentada para não levantar poeira, em camarins para receber os grupos, em banheiros decentes, você está realizando o meu sonho neste Recinto, e o sonho dos olimpienses e grupos que continuarão vindo ao nosso Festival, porque Olímpia sempre será o guardião da Cultura e do Folclore brasileiro”, disse. E ao abraçar o prefeito, o abençoou: “Deus o abençoe, meu filho”.

Durante a homenagem ao Grupo Parafusos, que representará Sergipe na capa, programação e divulgação do Fefol 2023 (veja vídeo abaixo), o prefeito Fernando Cunha retribuiu as palavras de Cidinha Manzolli, agradecendo-lhe pela dedicação e amor ao Festival e ao Folclore, estendendo também os agradecimentos à população de Olímpia que vem acolhendo a sua gestão até agora.

SERGIPE E PARAFUSOS: HOMENAGEM EM 2023

O Grupo Parafusos, de Lagarto (SE), será o homenageado do Festival de Folclore de 2023. Confira o momento dessa homenagem realizada sábado (13), edição feita pelo Diário:

A ORIGEM NO SÉCULO PASSADO

O grupo Parafusos é a mais original expressão do folclore de Lagarto e o único existente no Brasil. Em meados do século passado, se apresentava com vinte e um brincantes, quando um dos componentes se personificava como índio, em referência a cobertura oferecida pelos nativos nas fugas dos escravos. Atualmente o grupo se apresenta com treze brincantes do sexo masculino.

A história do Parafuso remete ao período colonial, no cenário dos engenhos, onde escravos sonhavam com a liberdade nos quilombos, para escapar do sofrimento. Procurando chegar ao quilombo, escravos em fuga, usavam as anáguas das sinhás, roubadas dos quaradouros.

Para camuflar o corpo, colocavam várias anáguas, umas sobre as outras desde o pescoço, pintando o rosto com tabatinga, compondo o disfarce final com um chapéu em formato de cone, igualmente branco. Assim, nas noites de lua se arriscavam pelos canaviais despertando o imaginário popular que consideravam estar vendo visagens ou almas do outro mundo.