O futebol paga altos salários e muda a vida da maioria dos jogadores. Alguns deles, no entanto, não conseguem aproveitar a oportunidade. Adelson Luiz David, conhecido como Táxi, foi um deles. Ele defendeu alguns clubes, como o Olímpia Futebol Clube (OFC) em 2000, quando o time subiu de Divisão, e viveu seu auge no Goiás. Ele vive em Olímpia, está com doença rara e sonha em trabalhar na Estância Turística. Com UOL Esporte

O dinheiro recebido no período foi todo gasto com roupas e noitadas. Não pensou no futuro, não fez nenhuma economia. Hoje, sofre com erisipela (infecção cutânea) na perna, que o impede de conseguir emprego. A doença é mais grave do que o normal já que ele tem veias entupidas no local e que atrapalham o tratamento. Casado pela segunda vez, Táxi vê sua nova esposa, Ana Paula, professora, também sofrer com o desemprego. Eles moram na casa dela em Olímpia, interior de São Paulo, e sobrevivem com ajuda de custo do governo que ambos recebem.

“É muito delicado, está difícil, quando estava um só desempregado, mas os dois… Está difícil. É estranho, hoje não entra dinheiro, a única coisa que está salvando é esse dinheiro emergencial. Por enquanto os R$ 600 do governo. Eram R$ 600, mas agora parece que vai cair para R$ 300. Vamos esperar, recebemos eu e a minha esposa, é o que está nos ajudando aqui”, disse Táxi ao UOL Esporte.

“Se pudesse voltar no tempo, com a cabeça que tenho hoje, seria totalmente diferente. Não era o dinheiro que o pessoal ganha hoje em dia, mas seria totalmente diferente com a cabeça que tenho agora, Hoje se entra algum dinheiro, eu já penso em comprar coisa para casa. Na época eu ganhava dinheiro e gastava em roupa, boné, tênis de marca. Gostava de dar uma volta, uma saída, eu esbanjava. Cheguei a ter 23 pares de tênis de marca. Tinha tênis novo que eu nem tinha usado ainda, mas eu já comprava outro por R$ 300,00. Não estava nem aí, eu já comprava, eu queria andar como os outros andavam”, completou. A falta de emprego é o que mais incomoda. Vontade de trabalhar não falta. O problema é que Táxi sofre com uma doença de pele atípica. A erisipela é de fácil tratamento, mas não a de Adelson, que tem veias entupidas no local e que impedem a ação dos remédios. Já são quase três anos nessa situação, que o fez ser demitido dos últimos trabalhos.

Imagem: Arquivo Pessoal

“Eu fiz exames e tenho duas veias entupidas. Meu último serviço, em uma usina, era pesado demais, ficava em pé o dia inteiro quase. Não circulava o sangue e as minhas veias entupiram. Começou a dar coceira, eu coçava, passava uma pomada, só que foi crescendo até que o trem pegou feio mesmo. Para não ser mandado embora eu passava faixa na perna, eu não colocava botina, deixava ela dobrada. Só que a câmera pegou, um chefe da usina viu isso, me chamou na sala, mandou eu tirar a botina e mostrar. Fui para o médico, aí me deram atestado. Eu queria voltar a trabalhar, mas o médico não liberava. Até que fui demitido”, afirmou.

“Eu cheguei a fazer bico num posto de gasolina como frentista aqui em Olímpia, mas tinha que tirar a botina porque o pé incha. Tenho que passar por um cateterismo para desentupir as duas veias. Hoje eu estou desempregado há dois anos e meio e a minha esposa há três anos”, acrescentou. Assim que seu tratamento for concluído, Táxi sonha em ter o básico. Voltar a se inserir no mercado de trabalho para poder se sustentar. E faz um apelo. “Eu estou precisando, eu não tenho vergonha não, eu não estou roubando e o meu sonho é arrumar alguma coisa para eu fazer, quero trabalhar, ainda mais se fosse no futebol seria a melhor coisa. Mas eu preciso trabalhar, se eu conseguir alguma coisa dentro de Olímpia, é o que desejo”, concluiu.