Dom Milton Kenan Júnior – Com a publicação dos nomes dos candidatos ao poder executivo e legislativo dos nossos municípios, têm início as campanhas eleitorais que culminarão com a escolha daqueles e daquelas que haverão de governá-los nos próximos quatro anos.

Pelo cenário que já se descortina diante dos nossos olhares, a disputa será acirrada e não faltarão muitas promessas; mas também muitas ofensas e campanhas difamatórias daqueles que concorrem no pleito eleitoral ou, então, daqueles que apoiam a este ou aquele candidato.

Neste momento é importante considerar que um dos pilares que sustenta o regime democrático é “definido a partir da atribuição por parte do povo de poderes e funções, que são exercitados em seu nome, por sua conta e em seu favor” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 190).

Assim, a cada quatro anos, todo cidadão tem o direito e o dever de escolher aqueles e aquelas que devem representá-lo e, consequentemente, pelo seu mandato promover as causas mais urgentes e necessárias ao bem comum de todos.

Se votamos erroneamente em troca de favores pessoais, na busca de promoção profissional, ou de benefícios individuais, perdemos a chance de aperfeiçoar o exercício do poder; desperdiçamos a oportunidade de tornar nossa Nação, Estado ou Município, mais humanos e saudáveis.

Como diz o ditado: “O voto não tem preço, mas tem consequências”. Daí a importância de votar bem, votar consciente e, ao mesmo tempo, dispostos a acompanhar os que são eleitos com os nossos votos.

O voto consciente exige sempre discernimento. Não pode ser improvisado, nem manipulado, muito menos “comprado”. Trata-se de analisar a atuação do candidato, sua reputação, seu envolvimento efetivo com o bem estar das pessoas, sua integridade moral, sua abertura para o diálogo, e o seu respeito para com os que pensam diversamente deles.

Trata-se de conferir se a ficha, daquele ou daquela que pedem o nosso voto, seja ficha limpa ou ficha suja, isto é, uma conduta razoavelmente íntegra, ou uma conduta marcada pela corrupção ou interesses de setores privilegiados.

Para nós católicos, “a política é a forma mais sublime de exercer a caridade” (Pio XII). É o contrário dos que pensam enriquecer-se às custas dos cofres públicos, das licitações fraudulentas, e da propina; para os cristãos católicos, a política é exercício de amor, por isso mais elevado do que interesses mercenários.
Um elemento pelo qual podemos distinguir os “bons” dos “maus” políticos, é observar, nesse período, a produção de fakenews (notícias falsas), ataques pessoais através de “memes” que atentam à dignidade do opositor. Campanhas políticas que se servem destes recursos já demonstram que partem do princípio perverso de que “os fins justificam os meios”.
Se queremos que todos se beneficiem dos futuros mandatos, partamos do princípio que nada justifica o ódio, que a lei “dente por dente, olho por olho” é a mais nefasta que possa existir.
Vamos votar conscientes do valor do nosso voto! Dele depende o futuro dos nossos municípios e de todos os cidadãos. Nós nos iludimos quando pensamos somente nos nossos interesses. Pois a paz que almejamos é fruto da justiça! Onde falta a justiça, não há paz!

Dom Milton Kenan Júnior
Bispo de Barretos