Por Ivanaldo Mendonça —  Igreja Católica vive, em todo mundo, o processo de preparação para a XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, prevista para outubro de 2023. A instituição do Sínodo dos Bispos foi feita pelo Papa Paulo VI, visando manter viva a experiência do Concílio Ecumênico Vaticano II, e consiste numa assembleia com representantes do episcopado católico, cuja tarefa é ajudar o Papa através de seus conselhos, no governo da Igreja.

Na comemoração pelos cinquenta anos da instituição do Sínodo dos Bispos (2015) o Papa Francisco enfatizou: “O caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera para a Igreja do terceiro milênio”. Duas novidades caracterizam o próximo sínodo 2023: O tema a abordado é o próprio exercício da sinodalidade, através do tema ‘Sinodalidade: comunhão, participação e missão”, e o processo de preparação acontece por meio de consulta que passa por todos as esferas eclesiais, além da possibilidade de que qualquer interessado participe virtualmente.

Considerando o significado da palavra sínodo que é ‘caminhar juntos’, o atual processo sinodal manifesta a disposição da Igreja em considerar, refletir, rezar, partilhar, definir e implementar ações que visem resguardar um de seus principais fundamentos: ser Povo de Deus, a caminho. Nesse sentido, faz-se necessário responder a questão fundamental: “Como e que este ‘caminhar juntos’ tem lugar, hoje, a diferentes níveis (do local ao universal), permitindo que a Igreja anuncie o Evangelho? E quais os passo que o Espírito Sant nos convida a dar para crescermos como Igreja sinodal?”

Umas das principais realidades marcadas pelo espírito sinodal deve ser a Paróquia; através dela, a Igreja se faz presente em grande parte do mundo. A V Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe (2007) colocou em evidência a necessidade da conversão pastoral, enfatizando a urgente renovação das estruturas paroquiais, desafiadas a superar o modelo de manutenção/conservação e a colocar-se em estado permanente de missão.

O processo sinodal vivido sadiamente favorecerá que nos sintamos incomodados pelos questionamentos e, antes e tudo, olhemos para nós mesmos. Existe o grande risco de que o processo sinodal seja sabotado por mentalidades, estruturas e posturas individuais ás quais ‘caminhar juntos’ gera trabalho.

Faz-se necessário estar atento ás artimanhas da estrutura eclesial mais ameaçada pelo processo sinodal: o clericalismo. Superar a mentalidade de que clérigos são uma casta privilegiada na Igreja e recuperar o senso de Igreja Povo de Deus. Caminhemos juntos! Por uma Paróquia sinodal!

Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
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