Por Ivanaldo Mendonça — A leitura sensata da realidade, favorecida pela contribuição de diversas matizes, das científicas as espirituais, evidencia, cada vez mais: o caminho á verdadeira felicidade, tanto compreendida como fim temporário, considerando os limites do plano material, quanto compreendida como fim último, considerando o sentido pleno da existência, passa, necessariamente, pelo alcance da maturidade.

Tal constatação sugere que, conforme a dimensão considerada, o processo de maturação deve ser abraçado, assumido e honrado por cada pessoa (o indivíduo) e pelo conjunto de pessoas (a coletividade). Elemento irrenunciável neste caminho é a adesão consciente, livre e responsável que faz de cada e de todos os envolvidos mais que simples atores, agentes principais da história, seus protagonistas.

Visando lograr êxito, tanto em relação aos fins imediatos quanto aos fins últimos, deve permear este processo o compromisso com critérios fundamentais: verdade, autenticidade e transparência. Fora da verdade objetiva tudo se converte em ilusão e mentira. A autenticidade ratifica a maneira singular através da qual cada pessoa ou conjunto de pessoas ocupa seu lugar no mundo e na história. A transparência é sintoma do grau de comprometimento com a verdade e autenticidade, ou seja, a identidade assumida de forma integral.

Contrário a este caminho e processo está a imaturidade que, acompanhada do infantilismo, têm a mediocridade como principal sintoma. A principal característica do ser medíocre é o não assumir-se como se é (pensa, sente e faz). A leitura cristã acerca do mal faz-nos compreender que a primeira investida das forças do mal por desviar o homem da verdadeira felicidade consiste em torná-lo medíocre. O relato do livro do Gênesis evidência esta verdade (Gn 3,9-15); quando inquerido acerca do delito cometido o homem terceira responsabilidade á mulher e esta á serpente.

Quando as bases do processo de amadurecimento (verdade, autenticidade e transparência) são postos em cheque tudo o mais pode acontecer. Compreende-se, assim, a realidade do crescente grau de dissimulação de pessoas, coletividades e instituições, das públicas as religiosas. Corrompido por dentro, tendo em vista obter poder e viver de prazer, os homens, consensualmente, farão a verdade parecer mentira, o errado parecer certo, o imoral parecer moral e o justo ser crucificado. Condenando-se á eterna infância a humanidade segue, de arrasto, feito serpente.

Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia,
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