O prefeito Fernando Cunha, de Olímpia, deverá emitir uma nota oficial após se reunir, desde a manhã desta segunda-feira (16) com cada secretário, diretor e lideranças, acerca do recém-criado comitê de gerenciamento do COVID-19. Essa nota estava programada para o meio-dia, mas como o prefeito está trabalhando em casa desde que chegou, no domingo (15) da Grécia, após cerimônia restrita do acendimento da chama Olímpica na Antiga Olímpia, e atendendo aos poucos, sem aglomerações, a nota deverá ser divulgada até o final da tarde, conforme ele adiantou ao Diário.

O Diário tentou entrevistar o prefeito, mas ele foi incisivo: “Sou muito responsável para falar o melhor na hora que tiver consistência das orientações, acabei de chegar de uma viagem internacional, tenho 10 Secretarias para ouvir e decidir, favor aguardar”.

Na nota da Prefeitura, alguns pontos terão destaque, conforme adiantou Fernando ao Diário:

  • O CORONAVÍRUS – “Medidas estão sendo definidas com cuidado para ajudar a população, se e quando a situação se agravar. Os casos vão crescer no mundo todo, e em Olímpia deverá ser o mesmo, temos que nos preparar para atender e reduzir a concentração de casos”.
  • SUSPENSÃO DAS AULAS – “Os dirigentes da Educação irão dialogar com os pais para a suspensão, sem precipitação”.
  • MUSEUS, BIBLIOTECA, EVENTOS – “Assim com as escolas, também serão suspensas as atividades nesses lugares. Toda aglomeração deve ser evitada”.
  • IDOSOS – “Teremos que ter todo o cuidado com reuniões de idosos, no caso do Centro de Convivência do Idoso, a Assistência Social irá avaliar cada caso com as famílias”. O governador João Dória já determinou o fechamento de 153 Centros no Estado.
  • SAÚDE – “Estão sendo avaliadas, estudadas e preparadas diversas ações para atendimento da população quando surgir a necessidade, especialistas estão sendo ouvidos”.
  • PARQUES – “Estamos falando, inclusive com o secretário de Turismo (Beto Puttini), os parque no Brasil ainda estão abertos, os nossos estão orientando visitantes e oferecendo suporte. A crise pode durar meses, e os parques não podem ficar fechados muito tempo, assim como restaurantes, padarias, pousadas etc. A cidade respira Turismo, nós vimos o que aconteceu quando os poços foram lacrados e a cidade quase faliu em duas semanas”.

A respeito do parque Thermas dos Laranjais, até a tarde deverá ser emitida uma nota. O Diário procurou o vice-presidente, Jorge Noronha, e este colocou a sua assessoria para explicar as medidas que poderão ser tomadas.

  • CASA DE PASSAGEM – “Vamos fornecer marmitex e talheres descartáveis, todo cuidado é pouco com quem vem de fora e está de passagem”.

Cientistas de SP estão desenvolvendo vacina contra novo coronavírus

Pesquisadores do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP) estão desenvolvendo uma vacina contra o coronavírus da síndrome respiratória aguda grave, o Sars-CoV-2.

Por meio de uma estratégia diferente das adotadas por indústrias farmacêuticas e grupos de pesquisa em diversos países, os cientistas brasileiros esperam acelerar o desenvolvimento e conseguir chegar, nos próximos meses, a uma candidata a vacina contra o novo coronavírus que possa ser testada em animais.

“Acreditamos que a estratégia que estamos empregando para participar desse esforço mundial para desenvolver uma candidata a vacina contra a COVID-19 é muito promissora e poderá induzir uma resposta imunológica melhor do que a de outras propostas que têm surgido, baseadas fundamentalmente em vacinas de mRNA”, salientou à Agência Fapesp Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do Incor e coordenador do projeto, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Metodologia

Utilizada no desenvolvimento da primeira vacina experimental contra o Sars-CoV-2, anunciada no fim de fevereiro nos Estados Unidos, a plataforma tecnológica de mRNA se baseia na inserção na vacina de moléculas sintéticas de RNA mensageiro (mRNA) – que contêm as instruções para produção de alguma proteína reconhecível pelo sistema imunológico.

A ideia é que o sistema imunológico reconheça essas proteínas artificiais para posteriormente identificar e combater o coronavírus real. Já a plataforma que será utilizada pelos pesquisadores do Incor é fundamentada no uso de partículas semelhantes a vírus (VLPs, na sigla em inglês de virus like particles).

Estruturas multiproteicas, as VLPs possuem características semelhantes às de um vírus e, por isso, são facilmente reconhecidas pelas células do sistema imune. Porém, não têm material genético do vírus, o que impossibilita a replicação. Por isso, são seguras para o desenvolvimento de vacinas.

“Em geral, as vacinas tradicionais, baseadas em vírus atenuados ou inativados, como a do influenza [causador da gripe], têm demonstrado excelente imunogenicidade, e o conhecimento das características delas serve de parâmetro para o desenvolvimento bem-sucedido de novas plataformas vacinais”, afirmou Gustavo Cabral, pesquisador responsável pelo projeto, à Agência Fapesp.

“Mas, neste momento, em que estamos lidando com um vírus pouco conhecido, por questões de segurança é preciso evitar inserir material genético no corpo humano para evitar eventos adversos, como multiplicação viral e possivelmente reversão genética da virulência. Por isso, as formas alternativas para o desenvolvimento da vacina anti-COVID-19 devem priorizar, além da eficiência, a segurança”, acrescentou Cabral.

Sistema imunológico

Para permitir que sejam reconhecidas pelo sistema imunológico e gerem uma resposta contra o coronavírus, as VLPs são inoculadas juntamente com antígenos – substâncias que, ao serem introduzidas no corpo humano fazem com que o sistema imune produza anticorpos.

Dessa forma, é possível unir as características de adjuvante dos VLPs com a especificidade do antígeno. Além disso, as VLPs, por serem componentes biológicos naturais e seguros, são facilmente degradadas, explicou Cabral.

“Com essa estratégia é possível direcionar o sistema imunológico para reconhecer as VLPs conjugadas a antígenos como uma ameaça e desencadear a resposta imune de forma eficaz e segura”, disse.

Testes

Depois da realização dos testes em camundongos e comprovada a eficácia da vacina, os pesquisadores pretendem estabelecer colaborações com outras instituições de pesquisa para acelerar o desenvolvimento.

“Após comprovarmos que a vacina neutraliza o vírus, vamos procurar associações no Brasil e no exterior para encurtarmos o caminho e desenvolver o mais rápido possível uma candidata a vacina contra a COVID-19”, disse Kalil.

O pesquisador é coordenador do Instituto de Investigação em Imunologia, sediado no Incor – um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) apoiados pela Fapesp e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no Estado de São Paulo.