DA REDAÇÃO — “Eu não vou deixar armadilhas para o próximo prefeito.” Com essa frase, o prefeito Fernando Cunha (PSD) abriu um dos tópicos mais polêmicos ao fazer um balanço de sua gestão de oito anos na Estância Turística de Olímpia. Em entrevista exclusiva ao Diário de Olímpia, ele abordou os avanços em saúde e educação, os embates com o Judiciário e o Tribunal de Contas, e apontou caminhos para o futuro da cidade. Entre críticas e projeções, Cunha também rebateu acusações, defendeu seu legado e lançou dúvidas sobre as decisões que aguardam o próximo gestor, Geninho Zuliani (União).
Com declarações contundentes, Cunha defendeu projetos polêmicos, como a construção do novo hospital e o leilão de terrenos, atacou adversários políticos e justificou decisões que, segundo ele, foram essenciais para evitar retrocessos. “O Judiciário não entendeu a importância do hospital para Olímpia. Espero que o próximo prefeito tenha a coragem de enfrentar essas questões”, alfinetou, em uma entrevista que mescla autoconfiança, provocações e ‘avisos’ sobre os desafios que virão. Lembrando: o texto abaixo é somente um “resumo”, é preciso assistir toda a entrevista para garantir todas as falas:
Saúde: avanços e a batalha pelo novo hospital
O projeto do novo hospital prevê 90 leitos adicionais, dobrando a capacidade da Santa Casa, com estruturas interligadas que aproveitam a cozinha, lavanderia e redes de gases medicinais do hospital atual. “Optamos por construir um hospital anexo à Santa Casa porque é a solução mais econômica e eficiente. Um hospital separado custaria muito mais caro para operar, além de demandar investimentos que a cidade não pode arcar sozinha”, explicou Cunha.
O prefeito ressaltou que o planejamento foi feito para permitir uma expansão gradual. “Podemos começar operando com 30 leitos e, conforme a demanda, ativar mais 30 e depois os últimos 30. Isso evita gastos desnecessários no início e garante a sustentabilidade financeira.”
A ação judicial e o Sargento Tarcísio
A suspensão do projeto foi provocada por uma ação movida por Sargento Tarcísio (através de um assessor), candidato derrotado nas últimas eleições municipais. Ele questionou a cessão do terreno e do prédio do hospital para a Santa Casa, argumentando que a transferência seria ilegal e prejudicial ao município. “O Sargento Tarcísio tem todo o direito de questionar, mas a iniciativa dele está colocando em risco um projeto que é vital para a saúde da cidade. A Santa Casa já provou ser a melhor parceira para esse tipo de gestão”, rebateu Cunha.
O prefeito lamentou o que chamou de “politização” de uma questão técnica e estratégica. “Quem entrou na justiça foi um vereador inconformado com a derrota nas urnas, e o Judiciário, muitas vezes distante da realidade local, concedeu uma liminar sem entender o impacto disso para a população.”
Um ‘efeito dominó’ perigoso
A liminar judicial não só interrompeu o avanço do hospital como colocou em risco outros projetos vinculados à troca de terrenos entre a prefeitura e a Santa Casa. “O terreno onde o hospital seria construído foi cedido pela Santa Casa em troca de uma área do Abrigo São José. Se a construção não for concluída, a escritura do terreno será anulada, o que compromete não apenas o hospital, mas também o novo abrigo e outras iniciativas que dependem dessa negociação.”
Leilão do ‘heliporto’: Thermas sabia e apoia
A venda de terrenos municipais em Olímpia, avaliada em até R$ 60 milhões, tornou-se um dos pontos mais polêmicos no balanço da gestão do prefeito Fernando Cunha (PSD). O Tribunal de Contas do Estado (TCE) suspendeu o leilão de uma das áreas mais valiosas, localizada ao lado do Thermas dos Laranjais, o que, segundo Cunha, prejudica o planejamento de novos investimentos essenciais para a cidade. “Esse é o melhor terreno de Olímpia para a construção de um resort, com localização estratégica, mas estamos enfrentando entraves administrativos por conta de questionamentos infundados”, afirmou o prefeito.
O terreno próximo ao Thermas dos Laranjais, avaliado em aproximadamente R$ 20 milhões, é apontado por Cunha como peça-chave para atrair novos empreendimentos turísticos. “É um espaço com vocação para grandes projetos, como resorts, que podem alavancar ainda mais o turismo na cidade. O preço foi definido de forma técnica, por uma comissão de engenheiros e arquitetos, com base no mercado local.”
A suspensão do leilão pelo TCE, segundo Cunha, foi resultado de uma denúncia que distorceu os fatos. “Alegaram que faltava uma perícia externa, mas temos técnicos capacitados na prefeitura. Essa suspensão é um atraso desnecessário para um processo que traria recursos importantes para a cidade”, criticou.
O prefeito ainda revelou que o Thermas, maior parque aquático da região, foi consultado durante todo o processo e se mostrou favorável à venda. “Eles apoiam a ideia de um novo resort na área, pois isso atrairia ainda mais visitantes para o parque. O Termas está investindo em outras áreas e entende que esse projeto beneficiaria toda a cidade.”
Outros terrenos valiosos: R$ 60 milhões em vista
Além do terreno próximo ao Thermas, Cunha destacou outras áreas municipais sem uso definido que podem ser vendidas no próximo mandato, somando até R$ 60 milhões em arrecadação:
- Antigo Ceasa: Localizado onde funciona a empresa Natura Nata, o terreno está em processo de regularização para venda. “A área será liberada assim que a empresa se mudar para sua nova sede na Bela Vista. É um espaço com potencial comercial significativo”, explicou.
- Terreno em frente ao antigo Matadouro: Com localização nobre, o espaço foi originalmente destinado ao projeto de um Museu do Bombeiro, mas os altos custos inviabilizaram a construção. Seriam necessários R$ 20 milhões, “eu ofereci um de R$ 1,5 milhão e não quiseram”. Esse terreno, segundo Fernando, ” é ideal para habitação, com possibilidades para projetos como o ‘Minha Casa, Minha Vida’ em faixas 2 e 3.”
- Área na vicinal Wilquem Manoel Neves: Localizada entre a via de acesso e o loteamento Bela Vista, essa área está avaliada entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões. “É um espaço amplo, com grande potencial para projetos comerciais ou habitacionais”, disse Cunha.
Turismo: aeroporto e críticas à oposição
O projeto do aeroporto internacional de Olímpia foi um dos temas mais abordados pelo prefeito Fernando Cunha (PSD) em seu balanço de oito anos de gestão. A obra, que promete transformar a cidade em um destino turístico de relevância nacional, também foi alvo de críticas. O vereador eleito Flávio Olmos declarou que o atraso na construção é responsabilidade direta de Cunha, mas o prefeito rebateu com firmeza: “O que ele sugeriu era ridículo, um campo de aviação de terra. Olímpia precisa de um aeroporto à altura de seu potencial turístico, e não de soluções improvisadas.”
Fernando Cunha descreveu o aeroporto como uma das principais chaves para o futuro do turismo na cidade. O projeto inclui uma pista de 2.500 metros de comprimento e 45 metros de largura, capaz de receber grandes aeronaves comerciais. “Estamos falando de um aeroporto federal, com recursos garantidos pela Infraero. Ele colocará Olímpia no mapa do turismo nacional e internacional, atraindo visitantes com maior poder aquisitivo e impulsionando a economia local”, destacou.
Resposta às críticas de Flávio Olmos
Em resposta às declarações de Flávio Olmos, publicadas pelo Diário na série de entrevistas com o Diário, que acusou a gestão de Cunha de atrasar o projeto, o prefeito foi direto: “O que ele propôs era fazer uma pista de terra em um terreno pequeno, próximo a Baguaçu. É uma solução ultrapassada e inadequada para o porte de Olímpia. Não faria sentido investir dinheiro público em algo que só serviria para aviões particulares. Sou contra campo de avião, aviãozinho, para dono de Resort, fazendeiro, Olímpia merece mais do que isso.”
Cunha também alfinetou o vereador eleito, sugerindo que ele precisa ampliar sua visão sobre o turismo. “Recomendo que ele viaje, conheça projetos como os de Orlando, na Flórida, e entenda o impacto de um grande aeroporto para uma cidade com vocação turística. Olímpia não é mais uma cidade pequena, é o ‘Orlando brasileiro’.”
Fernando Cunha explicou que o terreno destinado ao aeroporto foi adquirido e regularizado pela prefeitura, e que a construção já tem autorizações ambientais e de aviação civil. “O aeroporto está viabilizado e será implantado pela Infraero, que garantiu os recursos. Não dependemos de emendas parlamentares, o que torna o projeto sólido e sem riscos de paralisação.”
Legado e sucessão: “Cada prefeito tem seu estilo”
Sobre a transição para o governo de Geninho Zuliani, Cunha declarou que está deixando a prefeitura com projetos encaminhados e recursos disponíveis. “Estamos deixando cerca de R$ 90 milhões em caixa e contratos licitados para garantir continuidade. Claro, o novo prefeito pode alterar ou cancelar o que quiser, mas minha obrigação era não interromper e preparar o terreno.”
Cunha também abordou a ausência de um sucessor natural de sua gestão. “Eu tinha a obrigação de apresentar uma alternativa. Respeito o Geninho, mas temos estilos diferentes. A população escolheu, e isso faz parte da democracia.”
Futuro político: deputado estadual em 2026?
Sobre seu futuro, Cunha não descartou disputar um cargo nas próximas eleições. “Meu partido, o PSD, quer lançar meu nome para deputado estadual. Não é uma obsessão, não sou político profissional, mas é uma possibilidade real. Olímpia precisa se articular regionalmente para ser competitiva.”