DA REDAÇÃO – O júri popular realizado durante todo o dia de ontem (1º) no Fórum da Comarca de Olímpia foi unânime em condenar Carlos Augusto Morelli, de Cajobi, à uma pena de reclusão de 35 anos e 6 meses pela morte da enteada Júlia Alves Romero, de 1 ano e 10 meses de idade, por maus tratos em 2016, chocando toda a região pela brutalidade e ferimentos constatados no bebê. A sentença saiu no final da noite. A mãe, Pamela Alves de Andrade, 34, continua respondendo livre, sob habeas-corpus, apenas por maus tratos, não por homicídio.

Carlos Augusto Morelli

Foi o segundo júri popular realizado em Olímpia durante a pandemia, após dois anos em que esse tipo de atividade foi suspensa no Fórum local. Presentes apenas acusado, juiz da Vara Criminal Eduardo Luiz de Abreu Costa, promotores, advogados, testemunhas, partes interessadas e sem público.

A mãe de Júlia, Pamela, alegou “problemas psicológicos” alegando que não tem condições de “reviver tudo isso novamente”, apresentou atestado médico, e não compareceu ao julgamento. Atualmente, respondendo em liberdade por maus tratos e lesões corporais, mora em Itapecerica da Serra (SP), a mãe e o padrasto dela moram lá, depois retornou para Guapiaçu onde o pai ainda reside, e retornou novamente para Itapecerica.

Pamela ganhou o direito de ver o filho de 10 anos que reside com o pai biológico em Guapiaçu, por isso irá hoje (2) pegá-lo. A Justiça liberou que ela fique com o filho de sexta a domingo e nas férias por 15 dias. Em Guapiaçu, fica em casa de parente.

Ela estava na lista de testemunhas de Carlos Morelli, na época dos fatos ainda estava com ele, e até foi permitida visita íntima entre ambos no Presídio de Tremembé (SP). Após cerca três anos, o juiz notificou que Carlos tirou-a da lista de visita íntima e, desde então, não estão juntos, mas continua na lista de testemunhas e ontem (1º) não foi alegando ‘problemas psicológicos’ apresentando, inclusive, laudo médico.

A mãe Pâmela, que só responde por maus tratos e lesões corporais, em liberdade

O pai biológico de Júlia, o pedreiro Márcio Aparecido recebeu a condenação de Carlos Augusto Morelli por volta da meia-noite e chorou de emoção, segundo relatou ao Diário, o oficial de Justiça comunicou meia-noite, acordou a todos chorando muito. Ele disse ser um “alívio e torce para que a Justiça o mantenha mesmo nesse período de tempo preso e que agora chegue a vez da mãe da criança, a Pamela, porque assim a Justiça estará completa”.

Ao receber a sentença de 35 anos e seis meses, Carlos Morelli baixou a cabeça e chorou. Agora, é tarde.

ENTENDA O CASO

Pamela Alves de Andrade, 29 anos na época, e o marido, Carlos Augusto Morelli, de Cajobi, foram presos no início da noite de uma segunda-feira, dia 11 de abril de 2016, suspeitos de provocar a morte de Júlia Alves Romero, 1 ano e dez meses, filha de Pamela, enterrada no sábado anterior, dia 9, em Guapiaçu.

Os pais da criança se separaram em agosto de 2015 e a menina vivia com a mãe.

Mãe, padrasto e a bebê, que já demonstrava tristeza no olhar

Carlos, padrasto da criança, respondeu por homicídio. A mãe é acusada de maus-tratos e lesão corporal. Na época, ele foi para a cadeia de Severínia e ela, para a cadeia feminina de Colina.

O caso comoveu Cajobi e, claro, toda a região devido ao estado em que a pequena Júlia deu entrada no hospital. No boletim de ocorrência policial consta que Júlia, primeiramente, foi atendida na Santa Casa de Cajobi, sua cidade, com Traumatismo Craniano, costelas quebradas, trauma na coluna e sinais de maus tratos. Daí, um caso gravíssimo, complexo, a criança foi, às pressas, transferida UPA de Olímpia. De novo, os médicos viram que o caso era de transferência para um hospital de referência, e lá foi, de novo, Júlia com gravíssimo traumatismo craniano e outros ferimentos direto para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital e Maternidade de São José do Rio Preto, mas já era tarde, não resistiu e morreu.

A Polícia Civil de Cajobi já investigava o casal, denunciado pelo Conselho Tutelar por essas agressões à criança há tempos. E as investigações procuravam saber se as agressões começaram da mãe ou do padrasto. Ambos foram presos através de Mandado de Prisão Temporária expedida pela Vara Criminal do Fórum de Olímpia: Carlos Augusto Morelli, trabalhador rural, padrasto, e a mãe da criança de 1 ano e quatro meses, Pâmela Alves de Andrade, 28 anos em 2016, hoje com 34 anos de idade. Ele foi para a Cadeia de Severínia, hoje desativada, e ela para a Cadeia Feminina de Colina, que foi presa horas depois de seu companheiro.

Segundo o boletim de ocorrência da PM de Cajobi, Pamela Alves de Andrade, moradora da Rua Ariovaldo Moreira, 1245, CDHU, em Cajobi, mãe da menina, foi presa pelos policiais Cb Marcio e Sd Jorge Novaes, sob o comando do Sgt Granados. Os policiais patrulhavam a área onde a mulher morava já tendo em mãos o Mandado de Prisão contra a mãe da menina e com vistas à prendê-la.

Após ser localizada, Pamela foi conduzida até a Delegacia de Polícia onde a delegada olimpiense, à época, Maria Teresa Ferreira Vendramel, tomou as providências de praxe e mandou recolher Pamela na Cadeia Feminina de Colina. Ficou presa apenas 20 dias e foi solta por habeas-corpus, e assim se encontra até hoje, até com direito de ver o filho, hoje com 10 anos.

“A prisão dos dois me baseei nos laudos apresentados e testemunhas que foram ouvidas para colher o máximo de informações e que havia uma denúncia no conselho tutelar em relação a maus-tratos envolvendo os dois”, afirmou à época a delegada Maria Tereza Vendramel.

A menina deu entrada no Hospital da Criança no começo do mês com lesões pelo corpo, morte cerebral, trauma na coluna, uma costela quebrada e sinais de maus-tratos. A mãe e o padrasto tinham a guarda da criança há dois meses. A delegada Maria Tereza Vendramel solicitou laudo do Instituto Médico Legal (IML), já que o padrasto alegava que a criança tinha caído do sofá, mas o corpo da criança, apontou o laudo, tinha sinais de maus tratos de antes desses fatos que culminaram com a morte violenta da pequena Júlia de 1 ano e 4 meses de idade, e não tinha como sustentar um álibi tão fraco, e recorrente, de queda do sofá.

Foram presos, inicialmente, em 11 de abril de 2016. Após confirmação da morte da criança no dia 7 de abril, os rins foram doados para um hospital do Rio Grande do Sul, segundo o hospital de Rio Preto. A família da criança autorizou a doação dos órgãos da menina logo após a confirmação da morte cerebral.

Carlos Augusto foi denunciado por homicídio, a mãe foi acusada de maus tratos e lesão corporal, por isso que só agora o padrasto sentou no banco dos réus, Carlos Augusto Morelli.

O pai biológico de Júlia, o pedreiro Márcio Aparecido, residente em Guapiaçu, disse na época que a menina estava triste e reclamava de maus tratos. “Toda vez que falei com a Pamela, ela dizia que minha filha tinha se machucado numa queda. Eu nunca acreditei. Espero que os dois sejam julgados”. E, pelo menos o padrasto foi: 35 anos e 6 meses.