Por Ivanaldo Mendonça — A Igreja celebra no 33º domingo do tempo comum o Dia Mundial dos Pobres. Instituída pelo Papa Francisco em 2016, quando do encerramento do Ano Santo da Misericórdia, a iniciativa tem como principal propósito eternizar na memória das mentes e, sobretudo, na memória dos corações, que a misericórdia, deve traduzir-se em gestos concretos de amor aos irmãos, sobretudo, aos mais necessitados. Desde 2017 o Papa envia uma mensagem para esta ocasião, divulgada sempre, em 13 de junho, dia de Santo Antonio, modelo de amor e caridade para com os pobres. 

Celebrado sempre uma semana antes do encerramento do Ano Litúrgico, Solenidade de Cristo Rei do Universo, o Dia dos Pobres recobra, sobretudo, aos cristãos católicos, e propõe aos homens e mulheres de boa vontade de todo o mundo, o modelo de reinado de Jesus que, contrariando expectativas e previsões, desprovido de toda riqueza e poder humano, revela ao mundo o amor infinito de Deus, disponibilizando a todos, indistintamente, o maior de todos os dons e riquezas, a salvação.

Os discípulos de Jesus, chamados a seguir, com fidelidade os passos de seu mestre e Senhor, são desafiados, ao longo dos tempos, a ser no mundo, instrumentos vivos da presença amorosa de Deus que vai ao encontro de todos, lançando um olhar especial aqueles que nada têm. Resultado da ganância que assola os corações e da injustiça que apodrece as relações humanas, os pobres de todos os tempos são ignorados pelas sociedades que neles não se reconhece, convertendo sua insanidade em indiferença e vingança, lançando-os á margem, condenando-os á invisibilidade social.

Partindo de Jesus Cristo, estimulando-nos a reagir à cultura do descarte e do desperdício e a assumir a cultura do encontro, abrindo-nos á partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, com sinal concreto de fraternidade, Papa Francisco pontua: “Deus criou o céu e a terra para todos; foram os homens que, infelizmente, ergueram fronteiras, muros e recintos, traindo o dom originário destinado à humanidade sem qualquer exclusão.”

Celebrado, este ano, em 17 de novembro, inspirado no tema “A esperança dos pobres jamais se frustrará” (Sl 9, 19), o Dia Mundial enfoca a confiança e esperança dos pobres em Deus, sua única riqueza. A discrepância entre o nível de evolução e o alarmante crescimento da pobreza, ao mesmo em que revela a falência de modelos propostos como solução ás mazelas humanas, desafia-nos a reorientar o caminho. Inspira-nos o exemplo de Santa Dulce dos Pobres: “O que fazer para mudar o mundo? Amar. O amor pode, sim, vencer o egoísmo”.  

Ivanaldo Mendonça

Padre, Pós-graduado em Psicologia

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