Por Ivanaldo Mendonça – Estranhou o jornalista receber pelo correio eletrônico, nos últimos dias de abril, um artigo cujo título referia-se a Páscoa. Foi necessário esclarecer que, na compreensão da Igreja, Páscoa não é uma data, mas uma experiência de fé cuja memória se atualiza a cada Eucaristia e que é celebrada anualmente, de forma solene, através de um ciclo composto por três momentos: preparação (quaresma) celebração (dia Pascal) e prolongamento (cinqüenta dias após a Páscoa).

A dúvida abriu espaço a uma catequese sobre o verdadeiro sentido da Páscoa. O artigo fora publicado. Valeu a pena!

Situações recorrentes evidenciam a urgente necessidade de encontrar caminhos para favorecer, sobretudo, a quem professa a fé cristã, tanto o crescimento, aprofundamento e amadurecimento espiritual quanto o comprometimento com a comunidade de fé, à qual pertence.

Referimo-nos aqui, ao zelo e defesa de princípios e valores irrenunciáveis a fé cristã, independentemente de Igreja, e não a diferenças e discordâncias secundárias. Nunca se fez tão necessário recorrer á fé madura e esclarecida, consciente, livre e responsável para suportar os percalços do caminho.

Além das crises próprias do desenvolvimento humano, tanto as pessoais quanto as coletivas, que já exigem muito, o presente questiona e relativiza parâmetros tidos como absolutos, muitos deles, sequer assimilados ainda. Economia, mercado, globalização, ciência e outras realidades, á curto prazo, muito pouco tem ajudado.

Imersos na crise de sentido, muitos estão perdidos e outros querendo retroceder. Situação parecida viveram os discípulos de Jesus (Lucas 24,13-35). Esperando Nele um revolucionário político, ao se depararem com Sua condenação e morte de cruz, perderam o chão.

Desiludidos experimentam o sabor da derrota, como agora, experimenta a humanidade enlutada, refém do invisível que, em forma de vírus, a todos atormenta. Também os discípulos de Emaús aprisionaram a relação com Deus na racionalidade, na força física e no poder econômico, como se nada pudesse existir ou acontecer, para além dessas medidas.

Aliás, alguns se permitem não crer naquilo que não conseguem entender, como se os parâmetros da verdade fossem eles próprios. Imagina-se o grau de perplexidade por terem que se render á falência global.

No caminho de volta o Ressuscitado se aproxima dos desiludidos de Emaus. Acolhe, ouve, questiona; pela força da Palavra faz-lhes arder o coração; convidado a ficar, ao redor da mesa, recupera-lhes, a memória da entrega total que, antes da cruz, acontecera na ceia eucarística.

Os olhos se abrem, o ‘desconhecido’ desaparece! Experimentaram a força da Ressurreição; dispensadas explicações, retornam a Jerusalém, para celebrar a alegria e a esperança com os irmãos na fé.

Ele esta no meio de nós! Faz arder o coração e abrirem-se os olhos! Feliz e abençoada Páscoa, todos os dias.

Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia
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