Por Ivanaldo Mendonça — A Organização Mundial de Saúde (OMS) define suicídio como “ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional, usando um meio que ele acredita ser letal”. Simplificando, é o ato de matar-se a si mesmo. Os dados oficiais sobre o suicídio são alarmantes: uma morte a cada 40 segundos no mundo. No Brasil, o suicídio é considerado um problema de saúde pública. Em 2014, ocorreram mais de 10.600 casos; cerca de 32 brasileiros suicidam-se diariamente; é a principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

Espantoso é saber: o suicídio pode ser prevenido em 90 por cento dos casos. Com o objetivo de mostrar a importância de falar sobre o assunto, desde 2015 o Brasil celebra o ‘Setembro Amarelo’, por ser o 10 de setembro, mundialmente dedicado à prevenção do suicídio. Sua inspiração remonta a 1994, quando um jovem de apenas 17 anos suicidou-se dirigindo um carro amarelo. No funeral, familiares e amigos distribuíram fitas amarelas visando confortar quem sofresse o mesmo desespero que Mike. A campanha alcançou o mundo.

Conhecer é a base para prevenir. É importante e necessário desmistificar questões que permeiam o ato do suicídio, ainda considerado um tabu por toda a sociedade. Quem se mata torna-se, ao mesmo tempo, vítima e vilão. Vítima de sua própria dor; vilão por infringir contra a vida, o bem mais precioso, além de deixar marcas profundas de dor, sobretudo, nos familiares, condenados a conviver com dúvidas.

Em relação às possíveis motivações do suicídio, enquanto o sociólogo francês Émile Durkheim defende que as causas estejam ligadas mais a comportamentos coletivos do que individuais, Edwin Shneidman, considerado o pai da suicidologia (ciência que estuda as causas do suicídio, com um olhar significativo para as formas de prevenção), relaciona o suicídio a um ato mais ligado ao indivíduo do que a questões externas.

Dor, perturbação e pressão são consideradas por Shneidman como as principais variáveis que culminam no ato do suicídio. A dor psicológica, originada da frustração pelo não alcance de objetivos; a perturbação referente a distúrbios, como distorções cognitivas e automutilações; a pressão relacionada a elementos externos e internos a cada pessoa.

A maior parte das pessoas que se suicida não quer morrer. Acontece que elas veem essa opção como a única solução para seus problemas e, sobretudo, para sua dor e sofrimento. Alguém só se mata no auge do desespero. Ultrapassemos a cortina de ferro imposta ao assunto. A coragem de abordar sadiamente a questão, certamente, abrirá caminhos que tornem, cada vez mais possível, evitar 90 por cento dessas mortes. O problema é nosso!

Ivanaldo Mendonça Padre, Pós-graduado em Psicologia [email protected]