No dia seguinte à cassação de Alessandra Bueno como vereadora, em decorrência de processo disciplinar por falta de decoro e moral parlamentar, motivado por denúncia da cidadã e advogada Helena de Sousa Pereira, o presidente da Câmara José Roberto Pimenta, Zé Kokão, rebateu ao Diário afirmações de que o resultado de 7 a 2 pela cassação se deu por “perseguição política, religiosa e de diversidade sexual”.

O presidente foi claro: “Esses assuntos não constam em nenhum trecho da denúncia, está tudo bem documento em mais de 300 páginas”, e revelou: “Há denúncias ainda que pesam contra ela que, algumas foram arquivadas, passam de dez, no mínimo”.

“Chegaram algumas denúncias na Câmara Municipal, eu como presidente passei-as para a Comissão de Ética, algumas foram arquivadas, outras ainda estão em análise, e no caso desse da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e da Helena a Comissão enviou um relatório para que colocássemos no plenário, o que ocorreu e, por sete votos, a Comissão Processante foi montada, por sorteio, transmitido para as redes sociais, ficando eu como presidente, João Stellari como relator e Helinton de Souza (Lorão) como membro, nos reunimos por algumas vezes, tivemos alguns embates e, no plenário novamente, por 7 a 2, em longa sessão, infelizmente cassou-se o mandato da vereadora, não era o que os vereadores queriam, mas a denúncia chegou, não podemos ser omissos, temos que julgar e foi o que ocorreu”, relata o presidente.

Questionado sobre a sua condução na sessão da última segunda-feira, com presença de manifestantes querendo sobrepor as suas palavras de ordem, inclusive com megafone dentro do plenário, o presidente foi enfático: “A Casa é do Povo, eu disse na hora isso, mas temos que respeitar, as pessoas tem direitos, mas tem deveres também, inclusive manter o respeito, graças a Deus conseguimos conduzir da melhor maneira possível. Quero aproveitar para agradecer à Mesa Diretora e demais vereadores pela tranquilidade, sei que a sessão foi exaustiva, longa, mas a Câmara continua trabalhando pensando sempre na população”.

Só lembrando que a ex-vereadora responde processo, em segredo de Justiça, por discriminação religiosa, por ter atacado, na internet, os evangélicos.

A presença policial na sessão foi marcante na última sessão ordinária. Além da segurança no local, pela convocação de populares para a manutenção da ordem, como para o próprio Zé Kokão invocar a polícia legislativa, ameaçando retirar do plenário os secretários renunciantes de última hora – faltando duas horas para o início da sessão, Tarcísio Aguiar e Hélio Lisse Jr. assinaram documento único abrindo mão de seus cargos – Agricultura, Indústria e Comércio; e Segurança, Trânsito e Mobilidade Urbana, respectivamente – na tentativa de reassumirem a titularidade da vereança e, assim, votarem a favor de Alessandra. A estratégia se esqueceu de que era necessário publicar em Diário Oficial, tanto a renúncia e aceite do prefeito Fernando Cunha, quanto a destituição dos suplentes para que pudessem reassumir seus cargos, como foi em recente passado com Gustavo Zanette, que ‘desceu’ para votar. O presidente Zé Kokão explicou:

“Somente ontem (terça-feira, 7), às 15h, o prefeito tomou conhecimento e acatou a exoneração deles, tinha que ser publicado antes, teriam que ter saído na sexta-feira (3), para que na segunda (6) fosse publicado oficialmente, pelo menos. Procuramos por antecedentes, vimos o caso do Guto que desceu para poder votar, foi da mesma maneira, faz o pedido no dia e, no seguinte, sai publicado e ele pode exercer a função de vereador, agimos dentro da legalidade, inclusive os secretários trabalharam naquele dia normalmente em suas secretarias, seria uma total irresponsabilidade minha e da Mesa Diretora acatar um pedido em cima da hora sem transparência e publicidade, aqui a gente faz tudo na maior transparência. Se eu quiser votar contra ou a favor, sendo secretário, tem de ser pelo menos um dia antes para dar tempo da publicação oficial”.

PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA E DE GÊNERO?

Após a cassação da vereadora, as redes sociais publicam que esse resultado ocorre devido à ‘perseguição religiosa ou de diversidade sexual’, segmentos que seriam alinhados à ela. O presidente rebateu: “Eu sou evangélico, cristão, respeito a todos, Jesus veio para todos, as pessoas distorcem tudo, querem dar respostas, estamos aqui para fazer o melhor pelo município independente de religião, de credo. Meu compromisso é com todos, eleitores ou não”.

Questionado se em alguma folha da Comissão Processante consta posições religiosas ou de gênero sexual, novamente veio a negativa: “De maneira nenhuma, nenhum assunto desses veio a ser discutido e nem teria sentido. As pessoas querem achar algum argumento, ficam com essas conversinhas, Deus conhece o meu coração, sabe que não tem nada disso, estou tranquilo, todo mundo me conhece, sabe também que eu sou contra esse tipo de perseguição. O que aconteceu de fato? Sete votos, não somente o meu, e no foco da discussão. Eu tenho a minha religião, sou evangélico, sou cristão, trabalho para todos”.

“Tomara que não tenhamos mais embates dessa natureza, realmente entrou para história política de Olímpia, história em que eu não gostaria de ter participado, foi um momento difícil, mas decisões tem que ser tomadas, colocamos em votação, a maioria decidiu”, completou Zé Kokão.